sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Banho

Entre o ainda estou sonhando e o acabei de acordar, cabe um banho para começo de conversa. A água que bate no corpo soa como despertador d'alma. Para os que acreditam no poder do ritual, segue o higiênico banho da manhã.
Já me contaram, mais de uma vez, que foram os índios aqueles cuja cultura nos fez herdar o banho diário. Também já ouvi falar no fato de que nossos amigos portugueses e demais europeus não tinham o mesmo hábito. O que, fofocas só cá entre nós, me faz pensar em como era o cheiro deles (ou quanto de perfume era preciso).
Antecedentes históricos de lado, não busco escrever sobre o papel higiênico do banho. Mas, sim, sobre o alarme automático que a água toca quando ainda estamos perdidos em um quê de fantasia inconsciente. Ou seja: " Acorda, vagabundo, é hora de trabalhar". Nem sempre nessas palavras, o despertador pode ser mais amoroso: "Acorda, querido, hoje vamos passear de navio pelas Ilhas Gregas". Enfim, o banho te acorda para a vida. Por esse motivo, o considero um importante detalhe nesse cotidiano de cada dia. Embora algum Cascão possa ter opiniào contrária.
Sabonete, shampoo, água e muita água para tentar garantir que tudo isso é realidade. Infelizmente ou felizmente, a hora de sonhar já passou e daqui por diante a energia está voltada para os desafios da existência humana. Seleção natural, trabalho, comidas estranhas em restaurantes e programas debilóides na TV. O banho pode ser fortificador; acreditando no seu potencial, ele te sustenta nos turbilhões de carros de uma manhã engarrafada, se for preciso.
Entre o ritual de todo dia - água, sabonete, televisão, seleção natural - e a higiene d'alma, cabe mesmo um banho de hábito ao abrir os olhos. Não sei se é um ato sempre utilizado na história humana. Mas, parece ser um toque eficaz para o despertador.


Me banho dessa chuva insana
Que perdeu a hora e atrapalha meu sono.
Ainda nem sei se é hoje ou amanhã.
Mas sei que acordei
E as gotas são fortes na janela.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Acordar

Acordei. Fato isolado que sublinha o meu dia. Mais um céu, mais um sol, coisas e coisas para acontecer ou deixar de acontecer. O cotidiano desabrocha e, olha lá, quando vejo, o relógio já me expulsa esse pensamento. É hora de agir.
O contorno do meu tempo é esse eterno adormecer e despertar que, às vezes, chega a agredir um relógio aqui dentro que nem sempre bate com a hora. Quero dizer, o tempo não concorda com os meus quereres. Mas, os meus quereres sempre acabam se confrontando com o tempo.
Levantei da cama. acordar e se manter nesse estado reflete uma iniciativa um tanto contente de progredir, de uma forma ou de outra. Mesmo que possa haver o momento em que acordar não queira dizer levantar e sim se lembrar de dormir novamente. Resistir ao poder do aconchego do sono é o que te levanta da cama. Acorda, amor.
Viver pode ser continuar esse eterno cotidiano de surpresas diárias até que, um dia, dormimos para sempre. Deve ser quando o relógio para, mas nunca para o mundo. O mundo mundo vasto mundo ainda segue no cotidiano de cada dia. Acordar. Levantar da cama. Vou contente seguir um tempo de surpresas cotidianas. Mesmo que seja perceber que o despertador ainda não tocou.
Acordei. Fato isolado que sublinha a vida. Criei coragem, despois de alguns tic-tacs monótonos, e me surpreendi ao fazer esse blog. Minhas palavras desabrocham e, olha lá, quando vejo, o meu texto se espalha além do ritmo esperado. Enfim, levantei da cama.