quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Só fútil

Borboletas amarelas querendo dançar na minha frente.
Quem me dera ser só uma mulher fútil.
Mais fácil seria, mais eficaz, menos triste, menos contemplativo.
Quem dera ser só fútil.

Mas, tantas borboletas amarelas...
E a poesia que chega sem me pedir licença.
Maior que as marcas caras de shopping ou qualquer coisa assim.
Quem me dera ser só isso. Não ver borboletas nem amarelas.

Ah! Mas a dança é forte diante dos meus olhos.
E esse olhar quem sabe triste ou contemplativo.
O que eu vejo além das marcas caras?
O que eu quero além da vida cheia de sucesso?
O que mesmo posso pensar além desse superficial?

Muitas, tantas borboletas amarelas.
E todas dançando sem me pedir licença.

2 comentários:

  1. licença para colocar minhas borboletas??


    PÂNTANO
    Olhos podres como xaxim
    Verdes pérolas de musgo
    Erva daninha
    Que arrasta, sobe, caminha.
    Colheita úmida, local insalubre
    Pantanosa expressão visual
    Charco!
    Ninguém abraça a nada
    Deslizam braços, escapam
    Escorregam
    Como o lodo que envolve asquerosos ogros
    Sapos, rãs!
    Chuvas ácidas de lágrimas enchem aquele oceano
    De pútridos pensamentos
    Seriam sonhos?
    Seriam mergulhos na inconsciência?
    Ou seriam longos banhos de enxofre?
    Se são, esquece esse verde olhar
    Mergulha no azul mar
    Pula para o lado calmo da maré
    E toma um chá de água límpida com arruda
    Depois, vomita as borboletas que estão entaladas na garganta
    E grita! Diz!
    Que o mundo das cores sempre estará além da escuridão!

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  2. ...............................


    JARDIM

    Crescente matagal
    Apura naquele vazio
    Outrora trigal
    Agora baldio.
    Foi um jardim
    Que tinha flor
    Lá tinha jasmim
    E árvore em verdor.
    Seiva corria nos galhos
    Vida por lá pulsava
    A grama e os orvalhos
    Alvejavam quando geava.
    Ervas e seus odores
    No jardim cresciam
    Pássaros com seus amores
    Ninhos faziam.
    A vida fluía
    Por todo o canto
    Gralha voava e gruía
    No belo livre recanto.
    Vazio que tudo tomou
    Buraco em funda cova
    A vida secou
    Hoje lugar de desova
    De corpos putrificados
    Sem vida e morto
    Troncos petrificados
    Curetagem de aborto.
    Nada e nada há lá
    Cenário branco e preto
    Buraco cavado com pá
    Cavidade, gueto.
    Futuro haverá
    Para aquele lugar?
    Aqui como lá
    Também é vulgar.
    Por isso lhe digo
    Que abismo assim
    Representa perigo
    Para você e para mim.
    Temos de plantar
    Belas flores azuis
    Para borboleta pousar
    Ao lado da cruz.
    E toda essa beleza
    Que passará a ter
    Será nossa alteza
    Para a vida viver.
    Poetas lá voltarão
    Versando pelo ar.
    .................................

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