sábado, 27 de novembro de 2010

Há qualquer coisa fora da paz

Há qualquer coisa fora do eixo.
Os tanques de guerra não combinam com essa vontade de amar.
Essa vontade de vencer não se basta com orgulho de ganhar.
É preciso construir o futuro.
Caso contrário, qual o motivo de continuar?

Vencer não basta para ganhar o amor.
Falta demonstrar mais na base mais no gesto mais na atenção.
Pacificar é guerrear pela educação pelo crescimento pela construção.

Há qualquer coisa fora da razão.
Ele pode matar até mais de um milhão.
Mas só ama quem educa oferece a mão paz é futuro.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Amor em Ação

Tristeza d'alma.
Acreditei em um amor profundo
talvez o maior amor do mundo
Diante de mim.

Quem sabe o amor se revela mesmo
quando precisa de prova concreta
quando se assina em linha reta
com caneta papel palavra e coração.

Antes disso é qualquer coisa
que não precisa ser sacramentada
qualquer coisa inventada
para conter uma paixão.

Qualquer coisa de brincadeirinha de criança.
E tudo acaba quando se volta para casa
E um leite morno e um pijama e a cama.
Amor mesmo rompe as barreiras da infância e dá liberdade de ação.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Na voz de Manoel de Barros

Hoje abro espaço para dar voz ao poeta:


Manoel de Barros

.
O poema é antes de tudo um inutensílio.

Hora de iniciar algum
convém se vestir de roupa de trapo.
.
Há quem se jogue debaixo de carro
nos primeiros instantes.
.
Faz bem uma janela aberta.
Uma veia aberta.
.
Pra mim é uma coisa que serve de nada o poema
Enquanto vida houver.
.
Ninguém é pai de um poema sem morrer.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Canção triste em quatro versos

Cantando a dança da desilusão.
São as lágrimas e as palavras e os sonhos em vão.
A certeza é toda essa que está minguando
Enquanto sua fala escoa pelo coração.

domingo, 21 de novembro de 2010

Quero ficar Rica

Algodão doce
e toda a atenção do mundo para aqueles que amo.
Não quero perder tempo.

Há no afeto o pote de felicidade transbordando,
Borboletas amarelas voando,
Todo o conforto impagável por qualquer riqueza.

Porque o bom mesmo é juntar amor.
Criei até uma poupança para investir em sentimento.
Tempo é vida. Vou borboletar pelos campos de momentos bons.

Quero ficar rica: afetos aconchegantes e algodão doce.

sábado, 20 de novembro de 2010

Vislumbrar o Instantâneo

Vou dormir logo logo logo
logo que todas essas idéias acalmarem na cabeça.

Tão longo é o tempo e tão curto que já passou.
Muitas coisas para fazer e muitas idéias para fazer mais coisas.
Assim vai nesse ritmo eterno.

Planejar para ontem e aguardar o agora.
Quanto espero para vislumbrar o instantâneo
mesmo quando aparece a resposta de escolhas anteriores.

Agir agir agir de ritmo acelerado.
Antes que o sono me surpreenda mais que a vida.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Cores de Nós

É preciso prestar atenção nas cores
nas texturas, nos sabores
Em cada canto da vida e de nós
Mesmos
Que a estrutura não seja a convenção
do caso - prestar atenção no acaso.


(Escrita na exposição do Helio Oiticica - Casa França-Brasil - Rio -
Recomendo a visita!)

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Liberdade

Todas as palavras voam alto se você deixar.
Basta permitir que os significados se livrem das métricas;
que a razão se surpreenda com as cores do dia;
que a emoção se incline em lágrimas pela noite.

Toda altura é possível enquanto se liberta os sonhos.

As letras se juntam em prol do pensamento mesmo
independente do quão distante se queira ir.
O querer vai além desse espaço aqui... tem asas de cores fortes.
Tem lágrimas de contentamento enquanto o tempo passa pelo vento.

Todas as palavras te libertam para um outro lugar.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

O mundo e eu

O mundo é tão grande
e eu tão pequena.

Tantos sonhos tão grandes dentro de mim...

Quem sabe posso chegar de avião?

O mundo é um mundo
e eu essa possibilidade.

Tantos caminhos ao meu redor...

Quem sabe encontro um mapa?

O mundo é tanto
e eu esse quem sabe.

Tantos encontros e desencontros até o horizonte...

Quem sabe até onde vou chegar?

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Desejos

Sorvete de doce de leite
e borboletas amarelas.
Tudo o que é bom e saboroso nesse mundo.

Poesia de madrugada.
Família no domingo.
Surpresas de amor.
Amigos de sempre.
Quem sabe um livro novo?

Quero tudo quanto é quente e aconchegante.

Cheiro de neném.
Versos espontâneos na tarde de sábado.
Muito trabalho e ainda mais recompensas.
Tudo quanto é produtivo e amoroso.

Mar batendo na minha porta
e cheiro de terra molhada.

sábado, 13 de novembro de 2010

Dormir

Pedaços de pano pela casa.
Retalhei meu lençol enquanto andava.

Arte e angústia estão no limite.
As asas presas, há algo que borbulha aqui dentro.
A própria poesia tem suas dificuldades.
Madrugada sem sonhos.

Retalhos dos desejos espalhados pelos tacos soltos.
Panos de ilusão atormentada.

Apenas dormir ou ignorar a liberdade.
Tantos conseguem viver em camisa de força.
Voar é tão seguro quanto a vida.
Por isso muitos ainda preferem tomar remédios, drogas mais fracas.

Forte mesmo é suportar o que ferve n´alma.
Picotar lençol enquanto as asas da insônia sonham com ar livre.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Mas

Entre tantas chaves;
não encontro a certa para abrir a porta.
É noite tarde chove venta frio.

Ah! Como estou cansada desse dia...
Tomar banho comer deitar dormir.
Cadê a chave?

Entre tantas opções;
não encontro a entrada bem diante dos meus olhos.
Todas as chaves senhas códigos aqui.

Todas as chances possibilidades portas...
Entrar descansar ser feliz.
Mas, ainda procuro e chove.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Viagem

Mergulham rumores estranhos
na minh'alma cansada
em plena mocidade.

Suporto rumores estranhos
pesando no céu estrelado.
Céu estrelado...
Repleto de solidão.

As coisas passam refletindo
Não sei o que exatamente
Mas refletem cheias...
Lotadas, apesar de tudo.

Sussurrando se vão.
E vão indo vão indo...
Pois tudo passa de uma viagem.

(Escrito em 2001)

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Campos Magnéticos Cósmicos

Falta completa de inspiração.
Foi um carro que passou por mim um caminhão
um meteoro meteorito talvez um planeta inteiro sei lá.

Todo o universo conspirando contra a poesia desse dia.

O que farei? Como resolver?

Quem sabe aguardar os rearranjos dos campos magnéticos cósmicos.
Ou fazer a dança da chuva.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Carpe Diem

Ah! Meus olhos se encantam com tamanha escuridão.
Por favor por favor, não acenda a luz...
vamos ficar aqui mais um pouquinho sem despertar para o dia.

Ah! Todos os caminhos te levam para algum lugar
E como é possível deixar de caminhar?
vamos adiar por mais alguns instantes vamos aproveitar o momento.

Ah! De olhos fechados ainda encontro um pouco de sonho
e é doce como andar pelas nuvens e sentir o vento na contramão.
vamos aproveitar o escuro e despertar para o agora, não acenda a luz...

domingo, 7 de novembro de 2010

Muito trabalho

Tanto para fazer, meu bem...
Não há tempo para bobagens.
E é por isso que vou caminhar na praia
ou ler poesia ou ouvir música ou encontrar uma amiga.

Uma lista infinita de trabalho e estudo e tudo o mais.
Por isso vou comprar um sorvete lá na esquina ou alugar um filme
ou ficar juntinho de você assistindo televisão ou dormindo mesmo
ou ainda posso passar um tempo olhando as nuvens.

A cada dia essa vida exige mais produção, preciso produzir.
Por isso vou prolongar meu domingo pesquisando novos poetas
ou inventar uma palavra para reconsiderar a própria poesia
ou podemos simplesmente ficar de mãos dadas, meu bem... enquanto a noite passa...

Há muito o que fazer.

sábado, 6 de novembro de 2010

Noite sozinha

Madrugada.
Luz elétrica.
Quarto arrumado.
Fotos e anjos na mesa.
Barulho lá fora.

As vozes não calam
As vozes não me deixam pensar...
Mas penso.

Paz.
Amor.
Ressurreição da vida alegre.
Os tempos mudaram.
Tudo é igual.

As vozes calaram.

(2001)

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Expectativas de uma madrugada

Agora: novamente madrugada.
Copa. Cozinha. Panela. Caderno. Caneta. E café.

Algum quarto chama.
Cama. Lençol. Sonho (ou pesadelo).

O que se espera do amanhã?
Paz. Luz. Calor. Alegria. Amor. Felicidade.

O amanhã sempre será uma incógnita?

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Noite

Luz elétrica.
Quarto bagunçado.
Jogos pelo chão.
Chinelo ao lado da cama.
Livros e livros.
Poesia presente em tudo.
Versos na solidão.

Mosquitos mais que o esperado.
Barulho do ventilador.
Guerra com os mosquitos.

Vontade de dormir
de derramar lágrimas.
Contudo, de sorrir.
Desejos tardios
de amores futuros
de roupas novas
Mais, de sonhos bons.

(2001)

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Paciência

Paciência entrou pela porta e disse que ia fazer uma hora por aqui.
Ah! que bom e agradeço a visita.
Mas aconteceu uma qualquer coisa que fez tocar o celular
E Paciência partiu rumo ao desconhecido em outro bairro talvez.

Paciência é uma grande amiga e aliada.
Mas, coitada, cheia de compromissos que requerem sua participação.
Agora, sem Paciência, a sala parece mais vazia
Procuro um novo arranjo para a decoração e quem sabe a Dona Ação venha visitar.

Vou atender a porta.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Encantada

Fada madrinha que nada.
É a realidade batendo na porta.
Querida, abra.
O mundo lá fora é gigante e só cabe mágica
se for brilhantemente construída por cientistas.
Querida, preste atenção.
Pouco importa fada madrinha se o condão for de pó encantado.
Quem canta está lá fora lutando para ser ouvido
e não aí dentro fingindo que ainda escuta.

Toc Toc
Quem é quem é? quem será?
Querida, o mundo é gigante e só cabe abrir a porta com as mãos.