quinta-feira, 28 de abril de 2011

Gestação

Tem angústia no meu ventre.
É tudo que posso sentir.
O caos no corpo.
É tudo que posso saber.

São meus encontros desencontrados de mim.
Escrevo apenas para promover alguma paz, afinal...
diante desse caos incorporado de saber sentir.

Tem angústia no meu útero.
Sou mãe da criação.

terça-feira, 26 de abril de 2011

O céu da minha casa

Tem uma borboleta morando aqui em casa.
Abro a janela para libertá-la. Mas ela fica.
Acho mesmo que gostou do lugar.

Vai entender as borboletas...
Todo o céu lá fora... Todo o verde na Floresta da Tijuca...
Vai entender...

Chego de manso e ela faz festa. Sim. Juro.
Dança por entre meus braços e pousa de leve.
Depois se encanta por uma parede e fica.

Vai entender essas paredes...
Prefiro apenas não entender. Prefiro gostar.
A presença da borboleta torna o lugar maior que o céu lá de fora.
Vai entender...

sábado, 23 de abril de 2011

Fragmentos pela Estrada

Um qualquer momento na memória inspira uma poesia cantando baixinho
Ouço tudo enquanto caminho de volta para casa.

As ruas que caminham por mim.
Ando entre retalhos da história.

A poesia se dedicou aos versos momentâneos
música traduzindo o que há de mais comum em qualquer viagem.

Ouço bem a transitoriedade enquanto volto devagar.
Meus retalhos também cantam todo fim é todo recomeço.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Desconectada

Meu eu diante das coisas se apavora.
Quero sumir da internet. Quero derreter o facebook.
Vou bombardear o twitter.

Ah... desligar tudo e ser só um tempo de mim.

Nem deve acontecer poesia dessa parafernália toda!
Vou passar o dia olhando o mar, na praia, em meio ao céu.
Vou passar a noite vendo meus filmes preferidos e cantando baixinho.
Vou adorar as borboletas amarelas enquanto caminho sem prumo.

Qualquer coisa que não seja tanto de fora...
Vou internalizar a clareza dessas luas cheias me chamando para a festa...
A festa que acontece bem aqui; dentro d´alma.

Ah... desligar tudo e ler um livro de páginas amarelas...

Vou twittar minhas preferências internas ao Sol.
Vou curtir as paisagens lá de fora.
Vou blogar versos digitados nas crateras da Lua.

Ah... vou doar esse celular com internet 24 horas para borboletas amarelas.

Meu eu diante de mim se surpreende. Vou desligar tudo e festejar.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Poeminha de rima circular

A vida está em aberto
Vou me candidatar
Deve haver uma vaga
onde eu possa me encontrar

Respirar mais fundo a esperança e mergulhar.

A vida está em aberto
É nela que vou batalhar
lutar correr chorar
O que for preciso, enfim,
para viver de mim.

domingo, 10 de abril de 2011

Meia lua nas nuvens

Uma meia lua me observava enquanto eu esperava o ônibus.
Por quanto tempo mais vou aguardar inspiração?

Os cantos de mim surpreendem o medo de hoje.
Vai surgir, tenha calma.

O medo vem do alto daquela meia lua quase escondida entre as nuvens.
Eu sei, a poesia se ofusca no tempo que passa.

Aguardo o ônibus como espero novos caminhos.
O medo de agora esconde poesia no canto de mim.

Uma meia lua ultrapassa o entendimento enquanto o ônibus chega.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Entrevista de Emprego

Primeira pergunta: qual é a sua área?

Ah... Minha área é onde o caos promove ordem
onde o vazio completa os versos do dia
onde a paisagem sempre está em construção
onde angústia é criação em desenvolvimento
onde os resultados são subjetivos igual borboleta amarela voando.

O entrevistador foi direto:
Não temos essa vaga em aberto. Entraremos em contato caso haja uma oportunidade.

Meses depois me chamaram para preencher o cargo de Artista.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

De olhos abertos

Surpresa acordar assim e abrir a janela...
O mundo é minha visão e só depende de mim.

Quero todos os caminhos que sejam criação, produção, paixão.
Ouso mais quando não estou sonhando.

Quero abrir estradas, não as quero prontas.
Quero abrir janelas, não as deixo fechadas.
Quero criar a máquina para mover o mundo um tanto mais rápido...
E depois desacelerar para apreciar melhor cada movimento.
Quero o aconchego da instabilidade produtiva enquanto molho plantas ao raiar do sol.

Enxergo o mundo e não estou sonhando.