sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Um cheio de vazio

Um vazio de palavras me cabe no momento. Não me perguntem nem como nem qual foi o desastre. O impacto presente já é o bastante.
As portas não abrem e o elevador nunca chega. O otimismo disse que voltava logo e foi almoçar.
Seja como for, a única forma que me resta é a de ser eu mesma em meu texto. Mesmo que em vazio.
Talvez porque nem eu mesma queira perceber o que há de profundo por aqui. Ainda melhor ficar no raso hoje. Enfim, por um dia... vou acreditar na letra da lei.
Esqueçamos o que existe nas entrelinhas dos incisos. Hoje, vou deixar essa artimanha apenas para os advogados.
A filosofia não me cabe. A poesia não me cabe. A análise ficou para mais tarde.
Sou o vazio presente na letra da lei. E ponto. Sem espaços para pensar no além.
Meu bem, mal me cabe nesse momento. E o tormento desse nada virtual me embriaga. Não estou sóbria. Não levo as marcas. Deixo-as de lado.
Levo, sim, um todo grande de informações que pouco importam; um turbilhão de possibilidades que flutuam no ar; uma história mutante e peregrina de longa estrada; alguma sacola cheia de qualquer coisa que se compra por aí. E, claro, um celular com internet para estar em contato permanente com redes sociais que quase nunca me dizem algo que permanece.
Assim, levo esse vazio socialmente elaborado. Passo sem ser percebida onde quer que seja. Não penso em nada ao pensar em tantas coisas que me cabem.
Como já disse, o vazio me cabe.

Um comentário: